segunda-feira, 30 de novembro de 2015

O Calendário do Advento

Amanhã já é dezembro e estou aqui terminando um calendário do advento para Marina e resolvi compartilhar.

Para quem não conhece este calendário é uma espécie de contagem regressiva para o natal, segundo informações os primeiros calendários surgiram na comunidade Luterana Alemã por volta do sec XIX. Tradicionalmente fazia-se apenas a contagem regressiva para a véspera de natal, alguns liam passagens bíblicas, ascendiam velas, ou colocavam ornamentos como anjos a cada dia.

A proposta atual, no entanto, é mais lúdica, o calendário pode ser feito de diversos materiais e formas, desde que tenha as datas do dia 1 ao 24/25. A ideia é que em cada dia tenhamos uma surpresa diferente, ou uma atividade relacionada ao natal a ser feita com a criança. Na internet tem varias dicas, eu preparei a nossa listinha baseada nos gostos de Marina e nas mensagens que desejo passar para ela.

Aqui vai nossa lista:

1. Ouvir a história do nascimento de Jesus;
2. Fazer um cartão de Natal para presentear a vovó e o vovô;
3. Ir para a cozinha com as primas fazer biscoitos de gengibre;
4. Inicio da montagem do presepio: Céu, estrelas e terra;
5. Ler um livro sobre o natal (Vamos ler o natal de Simon);
6. Separar brinquedos e roupas para doação e empacotar tudo para presente;
7. Caça ao tesouro;
8. Fazer um presente caseiro para o papai;
9. Montagem do presépio: animais e pastores;
10. Fazer enfeites de papel para a árvore de natal;
12. Ir ver a decoração de natal na orla;
13. Montagem do presépio. Maria e josé
14. Ouvir história do nascimento de Jesus e desenhar;
15. Escrever uma cartinha ao Papai Noel;
16. Fazer presente caseiro para a mamãe;
17. Montagem do presepio: Reis Magos;
18. Aprender e cantar canções de natal;
19. Ajudar alguém (penso em ir visitar uma insitutição para idosos com ela e levar presentes)
20. Fazer presente caseiro para a Mamãe;
21. Assitir um filme (ainda não escolhi);
22. Ver fotos dos natais antigos (da mamãe e papai quando eram pequenos) e escutar histórias de como era o natal;
23. Fazer os bolos tradicionais da família (casamenteiro e rio grande);
24. Colocar o menino Jesus no Presépio e participar da ceia de natal;
25. Ao acordar abri os presentes de natal.

Aqui vão algumas inspirações que terei do pinterest









quarta-feira, 7 de outubro de 2015

Menos brinquedo e mais brincadeira: Fitas


Sabe quais são as lembranças mais fortes da minha infância? Das brincadeiras com meus pais, do campeonato de volei que meus pais organizaram no quintal, das brinacdeiras de comidinha, que minha mãe me permitia, das tardes em cima do pé de goiaba que ficava no quintal.

O meu presente de natal favorito foi um ursinho com um relógio muito simples, hoje minha mãe me conta que naquele natal eles não tinham dinheiro para presentes e foram ao centro da cidade e o  melhor que conseguiram comprar foi um ursinho pequeno e com a sobra esses reloginhos digitais de plático. Nossa, eu adorei o ursinho e o relogio, adorei mesmo.

Falei isso porque as vezes agimos no automático, acabamos comprando brinquedos e mais brinquedos e esquecemos dessa essência, sabe, provavelmente seu filho não vai lembrar de todas as Barbies, Princesas, nem de todos os Max Still, Homens Aranha que ganha. Muito provavelmente nem vá lembrar em que situação ganhou esse ou aquele brinquedo. Creio que um dos motivos para isso acontecer seja que damos brinquedos demais, eles são mais acessíveis hoje em dia, e é inegável a pressão a propaganda infantil nas vidas das nossas famílias.
Pipa de mão - esse é um brinquedo waldorf



Como falei aqui a proposta para esse mês é tentar brincar mais e consumir menos, e para isso vou tentar dar umas dicas de brinquedos e brincadeiras para fazer em casa.

E vamos começar com uma coisa que quase todos tem em casa:

Fitas, barbantes e/ou lã.


Fitas são mágicas, de verdade kkkkk experimentem cortar um bom pedaço  de fita (1.5m mais ou menos), prender em uma haste qualquer (pau de churrasco sem a ponta, vara ou qualquer outra coisa que vc tenha), faça um para você também, coloque uma música que vocês curtem e deixe a imaginação rolar, é muito divertido.



Circuito que fiz no corredor do apartamento, usei
lã e fita crepe.

Variações dessa brincadeira: prender com cargolas, fazer um laço e prender um pesinho, ou usar a fita sem nada. 


A fita vai virar de tudo, agitando no chão vocês podem pular tentando se desvencilhar dela (Marina chama essa brincadeira de cobrinha), agitando no ar, fazem movimentos lindos, e se tem espaço para correr melhor ainda.


Com fitas, barbante ou lã podemos fazer circuitos como esse da foto ao lado que eu fiz para Marina no corredor do apartamento, é simples e muito divertido.

Outra coisa legal é fazer furo em uma cartolina ou garrafa pet e dar para que a criança passe a fita pelos bracos, você pode desenhar um tenis e usar a fita como cadarço por exemplo. Na internet tem muitos modelos, se você não desenha pode imprimir e colar.

Outra coisa que deve ser linda de se ver é encher um bambolê de fitas e empendurar baixo para a crinaça explorar, esse ainda não fiz com por aqui mas está na minha lista, brevemente farei um para Marina e as priminhas brincarem.

E ai, animaram-se... existem muitas outras possibilidades, estou trazendo só algumas. Então simbora meu povo, peguem aquela fitinha, lã ou barbante que estão por ai esquecidos e deixem sua criança brincar com ele, e se possível brinquem juntos também. Boa brincadeira.



terça-feira, 29 de setembro de 2015

Vamos brincar?







Café da manhã - piquenique na sala.
Usei a manta do sofá como toalha, de resto
Temos nosso café normal.

Por um mundo com menos brinquedos e mais brincadeiras.


Uma das coisas que mais fazemos aqui nessa casa é brincar e inventar brincadeiras, das mais diversas e variadas. Além disso inventamos fantasias e brinquedos com tudo o que temos disponível.

Já experimentaram deixar seu filho guiar a brincadeira? Se nunca fizeram experimentem. Vão ficar espantados com a capacidade deles de construir uma narrativa, inventar uma história, achar um novo uso para um objeto e assim por diante... Marina me espanta muito, fico maravilhada com toda essa criatividade e imaginação, características das crianças.

Pinturas com tintas, lápis de cor ou giz de cera são sucesso absoluto.








Para ela fraldas velhas podem ser desde capas de super-heroínas ou princesas, vestidos, slings, ou até cauda de sereia... basta amarrar de uma forma diferente. E o que dizer do papelão, bem o papelão é mágico, tem infinitas possibilidades, uma boa caixa, de bom tamanho, garante diversão por vários dias. Já fizemos muitas coisas, de móveis para apoiar brinquedos, casinha de boneca, carro, barco e hoje acabamos de pintar o que vai ser amanhã um teatro de fantoches.

Se não convenci ninguém até agora do poder fantástico do brincar aqui vão meus motivos enumerados:







Imitando a mamãe e o papai nas atividades
 da vida prática bem ao estilo Montessori.
1. É muito bonito, ver o brilho nos olhos e a empolgação com cada novidade que inventamos;

2. Ouvir "mamãe você faz?"ou ainda "mamãe vamos fazer?" ao invés de "mamãe você compra", dá um orgulho danado (o efeito colateral é que a pequena criatura acha que a mãe sabe fazer tudo e as vezes quer que eu faça algo que não consigo - hehe)

3. As crianças passam a dar mais valor as coisas simples, passam a querer consumir menos , ou seja, você tá no caminho de criar um consumidor mais consciente.

4. Vocês terão horas muito felizes juntos, estreitarão ainda mais sua relação.

5. Cada brincadeira/brinquedo traz consigo um desafio, uma qualidade ou uma habilidade que pode ajudar e muito no desenvolvimento do seu pequeno (mas sem forçar a barra, certo? não precisa ficar direcionando a brincadeira para desenvolver essa ou aquela habilidade)

6. Quando brincamos com eles, eles não pedem para ver TV. A TV ocupa um lugar grande na vida dos pequenos por conta do ócio e não por vontade, se tiverem que escolher entre brincar e ver TV vão querer brincar.

Poderia citar muitos outros motivos, mas esse já são muitos. Uma única caixa de papelão  + uma mamãe/papai/cuidador receptivo ao brincar podem operar verdadeiros milagres. Deixo vocês com algumas ideias, já testadas e aprovadas aqui em casa.


Caixa de papelão pode virar:

1. Carrinho, barco, avião;
2. Casinha de boneca, barraca, castelo, casinha,
3. Teatro de fantoches;
4. Nicho para por brinquedos;
5. Base para jogos de tabuleiro e encaixe;
5. Robôs, dinossauros e tudo mais que a imaginação permitir.

Teatro de fantoches com caixa de papelão e
personagens desenhados ou impressos em cartolina.

Fita adesiva é ótima para fazer trilhas, marcar circuitos, fazer pistas para carrinhos.

Tecido pode virar qualquer fantasia, ou servir para fazer rede ou slings para as bonecas. Pedaços de tecido grande ou fitas também são ótimos, Marina, Leia e Ester brincam muito com eles, fazendo verdadeiras danças com as fitas no ar, parece muito com ginástica rítmica, só que com uma cadência própria das meninas.

E os utensílios de casa potes, vasilhas, talheres e panelas...viram instrumentos, prédios e até a "caixa de vidro da Branca de Neve (palavras de Marina)"

Meias que viram patins para patinar na "neve" alagoana :)












E tem mais uma infinidade de coisas, basta querer, não precisa de talento, só precisa se permitir, se deixar levar e não ter medo do ridículo, até porque não há ridículo. 


Eu acredito que brincar é para a criança, assim como o leite materno é para o bebê, fundamental, necessário, vital. Assim vou começar uma campanha aqui no blog, vou tentar postar esse mês que vem uma brinacdeira e um brinquedo para fazer em casa com os pequenos, que tal?


Vamos dar esse presente as nossas crianças? Que tal separar ao menos uma brincadeira especial por semana para fazer com os pequenos?

















segunda-feira, 28 de setembro de 2015

A culpa é da mãe!

Se tem uma coisa que caminha de mãos dadas com a maternidade é a culpa. Começa já na gravidez e acredito que perdure a vida toda... mas vocês já se perguntaram porque sempre tanta culpa? Porque sempre a mãe?

Recentemente vem rolando nas redes sociais a foto de uma menina de dois anos, linda, linda... do antes e depois dela, ao alisar os cabelos. Eu como a maioria das pessoas acho um absurdo alisar os cabelos de uma menina assim, pelo risco da química, pela desconstrução da sua identidade, pela valorização de um padrão de beleza eurocêtrico e porque o cabelo dela era lindo demais :)

Mas cá para nós, alguém ai leu os comentários? A mãe só não foi chamada de santa como diria minha avó. Desqualificaram ela e a maternidade que hora ela exerce. Eu não estou aqui defendendo que os pais podem fazer o que querem com seus filhos... longe disso, acredito que as crianças são pessoas com identidade própria e o que eu como adulto devo fazer é guiá-la, mas sem ferir sua dignidade e ajudando-a a se descobrir, não é essa a questão. A questão meus caros reside em outra esfera.

Ninguém conseguiu ter o mínimo de empatia com aquela mãe, qual é a história de vida dela? Porque ela valoriza tanto um certo padrão estético a ponto de expor sua filha tão pequena a tecnicas de alisamento? Será que ela realmente não acredita que estava fazendo o melhor para sua filha? Que estava a protegendo de sofrer preconceito? A ser mais aceita? Ou essa não é uma realidade em nosso país?

Eu sou considerada branca pelo padrão brasileiro (la fora nunca seria considerada branca, não é engraçado?) Não sei o que é ser discriminada pela minha cor, pelo meu cabelo, sofri e sofro outros tipos de preconceitos, mas este não. Porém não é por isso que eu não reparo no preconceito sofrido diariamente por colegas, amigos, parentes, que são negros. Certamente estou loge de realmente sentir isso na pele, mas não sou babaca ao ponto de negar que exista preconceito racial no Brasil.

Dito isto, retorno a questão da mãe da menininha, vi muita gente comentando, mas quase ninguém pensou nessa perspectiva que aqui apresento, ao contrário não pouparam palavras para xingar a mãe.

Isso mexe comigo, porque sempre percebo esse movimento, de culpar a mãe e só a mãe, é tragicômico: se uma menina engravida na dolescência perguntam logo cadê a mãe?, se há um menor infrator, a culpa é da mãe, se decide ter muitos filhos e é pobre, é uma vaca parideira, preguiçosa que quer viver do bolsa família, se amamenta um bebê maior, tá prejudicando o filho que vai ficar muito dependente, se não amamenta não é boa mãe e por ai vai... não importa o que faça e o que aconteça a culpa é sua mãe!

Nisso tudo, só lembrei de uma entrevista com a mãe do Bolsonaro, tadinha, uma senhorinha de seus 80 e la vai... tendo que se justificar publicamente pelo comportamento de um marmanjo.

É inegável a influência que temos na vida de nosso filhos e por conseguinte nos adultos que eles se tornam, mas vou revelar um segredo importante, crianças também tem pais! Preparados para mais uma? Elas também tem avós, tias e tios, irmãos, professores, babás e toda uma rede de pessoas que interagem com ela. E por ultimo, seres humanos são, em parte, reflexo do contexto social e cultural (familiar, religioso, acadêmico e etc) no qual se inserem, e as mães, por incrível que pareça também são seres humanos.

Então minha gente, mais amor e menos ódio, mais empatia pelo próximo. Entendo que temos que defender o mais vulnerável sempre (nesse caso a criança) mas existem "N" formas de fazer isso, e atarcar a mãe não vai ajudar em nada... 

Não é uma questão de dizer "culpa não" de forma desconexa e irresponsável, como na campanha daquela famosa revista. Ao contrário, é saber que a criança é um ser em formação, ela deve ser prioridade para todos, mas quando as coisas não "andam como se espera"não adianta apenas jogar pedra na mãe, vamos ver outras formas de mudar a realidade? Informação, educação e empoderamento não se transmitem por osmose, então meus caros acolham e ajudem... só assim mudamos a realidade.


terça-feira, 9 de junho de 2015

Nossa experiência com a amamentação e o desmame

Antes de começar quero deixar bem claro que sou a favor do aleitamento materno em livre demanda, exclusivo até o sexto mês e continuado por dois anos ou mais, vou tentar aqui relatar como foram nossos 2 anos e 8 meses de amamentação.

Para inicio de conversa, nossa história de amamentação não começou nada bem, tive com rachaduras nos seios, e a pega estava incorreta, tudo causado pela falta de orientação na maternidade, dos médicos e enfermeiros que nos acompanharam. Mas minha vontade de amamentar, e a certeza de que o leite materno era o melhor alimento para minha filha me fez ir  atrás de informação, mesmo que de forma tardia pois já estava com minha filha nos braços, isso deveria ter sido feito ainda durante a gravidez. Encontrei ajuda em blogs e grupos virtuais de apoio a amamentação. Para além do mundo virtual os bancos de leite oferencem esse tipo de orientação de forma gratuita e são ótima opção, aqui segue o link da Rede Brasileira de Banco de Leite Humano, vale a pena dar uma conferida em qual é o mais próximo de sua casa.

Depois de acertar a pega e curar as rachaduras, em mais ou menos 10 dias já estava tudo certo. Para as rachaduras nada de pomada, o melhor é passar o próprio leite após a mamada, um banhosinho de sol e evitar umidade, por isso esqueça as conchas de amamentação, minha obstetra me ensinou a usar peneiras pequenas dentro do sutiã (fica horrível mas funciona) para evitar o contato do bico do seio com o tecido e deixar o ar circular.

Aqui cabe uma ressalva: eu achava que amamentar devia ser tão natural que eu não me preocupei muito, mas me enganei. Na verdade o insucesso de muitas mulheres em amamentar se dá justamente por isso, os profissionais de saúde não orientam como deveriam, e a rede de apoio familiar para a puerpera quase que não existe mais, infelizmente, nós estamos cada dia mais sós, não é mais como antigamente em que as mulheres pariam e tinham mães, primas, avós aos redor a partilhar experiência e cuidados. Na verdade a maioria de nossas mães nem amamentou, porque na época  a regra era o uso de leite em pó, que era estimulada não só pela industria mas também por médicos e enfermeiros.

Depois de superadas as primeiras dificuldades foi tudo maravilhoso, a sensação de nutrir um filho, de acalanta-lo  é inexplicável, é maravilhosa, você passa a ter uma relação melhor com seu corpo, hoje amo mais meu corpo do que antes da minha filha.

Marina seguiu mamando muito em todo seu primeiro ano de vida, quando fez um ano um novo problema surgiu: o estranhamento social à amamentação de um bebê maior de um ano. Não é comum por aqui, as pessoas são desinformadas e há muito preconceito quanto ao tema. Passei a houvir muito que ela estava chupetando meu peito, que o leite não servia mais. 

Seguimos, nós duas, com a amamentação, e foi muito bom para nós, quanto as críticas e olhares de reprovação minha saída foi fazer ouvido de mercador.

Já no final de agosto de 2014, quando ela estava com 2 anos e 4 meses, eu comecei a ficar muito impaciente e cansada com a amamentação noturna (madrugada a dentro, umas 4 ou 5 vezes), me senti culpada por esta impaciência, mas não estava mais aguentando não dormir a noite toda, além disso Marina deu uma queda grande na curva de crescimento o que foi um sinalizador de um possível problema relacionado a sono. Chorei muito, refleti, pensei, sofri, mas finalmente  resolvi então implementar o desmame noturno, usando a tecnica do Dr Gordon, com algumas adaptações.

Iniciei conversando com ela, falando francamente que a mamãe estava com o mamá muito cansado e que a noite nós iríamos dormir juntinhas, eu ia fazer carinho, mas o mamá iria dormir a noite toda e ela ia mamar novamente pela manhã. Conversei por umas duas semanas até tomar coragem para implementar, primeira noite, mamou dormiu, lá pelas 02:30 primeira acordada para mamar, eu fiquei do lado, abracei, ninei, beijei, mas não dei o peito... ela chorou, e eu sempre do lado com ela nos braços, consolando. Nesse processo a participação mais ativa do pai, revezando comigo foi fundamental. Me senti péssima mãe, e caí no choro algumas vezes. Não foi fácil, mas foi necessário no nosso caso. Com uma semana ela estava dormindo melhor a noite, e mamando apenas durante o dia.

Aqui uma pausa para ser bem sincera, ela é uma criança que tem o sono muito inquieto e leve, então passou a dormir melhor, mas ainda acordava vez ou outra, e foi melhorando aos poucos, mas ainda hoje (com 3 anos recém feitos) ela acorda as vezes, ou seja, não é milagre, tirar a mama não é a solução para o bebê dormir a noite toda, vai variar muito de criança para criança.

Após o desmame noturno continuamos cama compartilhada e a amamentação em livre demanda durante o dia. Após essa adaptação aos pucos fomos reduzindo a livre demanda (que rolou solta por 2 anos e 4 meses), até chegar ao ponto de mamar apenas ao acordar e dormir. Esse foi um processo de uns 4 meses mais ou menos, e o desmame total só aconteceu quando Maricota estava com 2 anos e 8 meses.

Recentemente (acho que faz uns 2 meses) ela pediu para mamar e eu dei, mas ela não gostou e perguntou porque meu mamá tava ruim, e depois disso nunca mais pediu. E foi assim que esse ciclo da vidinha dela e da minha se encerrou, foi uma experiência maravilhosa, se tiver outro bebê faço tudo de novo. E sabe do quê mais? A gente realmente esquece das noites mal dormidas, só o que fica é a lembrança maravilhosa de ter aquele bebezinho nos braços e conseguir nutri-lo com seu próprio corpo, e o olhar de imenso amor e afeto que recebemos dos nossos filhos, esse olhar paga tudo, é uma das minhas mais belas lembranças de vida, sou muito grata por ter podido viver tudo isso.

quinta-feira, 9 de abril de 2015

Eu mamãe: a louca naturalista.

Seria engraçado não fosse trágico, o senso comum geral sobre a forma como as crianças devem ser tratadas, alimentadas, como devem vestir-se ou com que brinquedos devem brincar beira a imbecilidade.

Porque criança tem que comer alimento ultraprocessado? Porque oferecer nuggets de cartilagem de galinha? Isso é comida de criança? E os docinhos? Mas criança não pode viver sem pirulito... "Há mas é só um pirulitinho... você tem que saber que seu filho vive no mundo e que precisa ter contato com essas coisas" Sempre tem um iluminado de plantão para soltar essa frase.

O que posso dizer? Eu sei disso, só não queria que ela tivesse recebido seu primeiro pirulito antes dos dois anos, na escola, pelas mãos das professoras.

E os brinquedos? E o mundo rosa e lilas? O que falar disso? E ODEIO rosa, Marina gosta, então ela usa, mas ela passou a gostar mais por causa do convívio com outras meninas vestidas de rosa, por causa da escola e etc... entende?

Fora as opiniões sobre educação do filho dos outros, por Thor!!!! Oxum me acuda!!! Se sua avó e sua mãe te educavam de uma certa maneira, te batiam, e hoje você é uma pessoa de bem e sobreviveu, ótimo para você!!!! Mas não venha tentar me convencer a criar uma sobrevivente, aqui a intenção não é essa. 

A escola...de forma geral ajuda a reproduzir essas ideias massificadas... quando penso a respeito sempre me vem a mente aquela imagem de um rebanho de ovelhas correndo juntas e depois se transformando em uma massa de trabalhadores do filme Tempos Modernos de Chaplin, aliás apesar de antigo esse é um filme bem atual. Existem escolas que fogem desse padrão, mas são minoria. A escola que Marina frequenta está no meio termo, tem respeito pelo brincar, pelo ludico, mas apresenta essa reprodução de alguns valores
equivocados. Eu tento dosar, filtrar muita coisa em casa, mas por hora essa é a opção viável para nossa família, pois na cidade em que moramos não tem escolas Waldorf (seriam minha primeira opção), e o homeschooling infelizmente não é possível para nós nesse momento.

Fora o problema que a gente arruma quando decide criar um filho sem religião... as pessoas simplesmente não entendem, não ter religião não significa ser ruim, desonesto...ou qualquer coisa do tipo. Ao contrário, pessoas sem religião tendem a ser mais justas e empáticas, e seguimos educando Marina nesse sentido. Ela não precisa ter medo de deixar "papai do ceu triste" porque fez algo errado, não, mil vezes não! Espero que aos poucos, assim que for tendo maior compreensão, vá entendendo a melhor forma de se comportar, e que toda ação leva a uma reação, então não vai quebrar o brinquedo do colega porque cosegue se por no lugar dele e sabe como seria ruim ter seu brinquedo quebrado. Aqui está valendo a velha
máxima, não se faz com os outros o que não queremos para nós, simples assim.

Depois que fui mãe, sai da matrix do senso comum, fiquei mais crítica e mais cuidadosa, isso tudo me fez mudar, irremediavelmente. Acontece que, o que antes era indolor, hoje incomoda, me faz mal. Ao ver um bebê de 4 meses comendo papinha porque o Pediatra Fofo passou, não consigo mais ficar calada (e olhe que o esforço interno para tal é enorme), que a Cesa Lushoo foi agendada por causa da pesigosa circular de cordão, que menino não pode brincar de boneca (sério que já ouvi mãe brigando com menino de 2 anos por isso)... isso vem me irritando cada dia mais. 

Esse comportamento em relação a infância é muito tenebroso, porém não creio que os pais sejam os culpados, não é um julgamento pessoal. Acontece que temos toda uma organização social, instituições religiosas, industriais (alimentos, vestuário, brinquedos), escolas, sociedade e no fim de tudo, ele... o velho patriarcado, dizendo como mulheres e crianças devem se portar, como sua vida, seus corpos, sua inserção na sociedade deve acontecer e isso tudo é muito foda de se aguentar. 

Antes eu apenas reproduzia o discurso, agora fora da matrix percebo o quanto devo ter sido babaca um dia, então peço desculpas a todas a mães que me ouviram falar qualquer dessas besteiras antes de ser mãe. 

Aqui eu no inicio da loucura, trabalhando e me empoderando com minha curuminha ainda bebê.
Estou aprendendo, a cada dia, mas desde já agradeço muito a Marina que foi o fogo que possibilitou que eu me renovasse. Curso nenhum (graduação, especialização, mestrado, doutorado) teve essa capacidade, nem as horas de estudo, nem as pesquisas, nem os inúmeros artigos científicos foram capazes de despertar em mim essa linda loucura, essa inqueitação que me abate e que me faz tentar ser melhor, por ela, por mim, pelas outras mulheres e crianças, por um mundo com mais amor, mais aceitação e principalmente mais respeito as necessidades da infância, para que possamos ter adultos fisica e emocionalmente saudáveis.

Fica aqui o desabafo de uma mãe que já vestiu a carapulsa de louca, porque se ser assim é ser louca, sim eu sou louca, com muito prazer.


sábado, 21 de fevereiro de 2015

Educar sem violência: criando filhos sem palmadas



Quando o assunto é educação infantil um dos pontos mais polêmicos é o uso das palmadas, outros tipos de violência física ou ainda a violência psicológica na "educação de crianças".

É corriqueiro ouvir o argumento “apanhei na infância e isso me fez uma pessoa de bem”, por tanto, essas pessoas acreditam verdadeiramente que umas boas palmadas educam, ou ainda, que são a única alternativa para educar um filho.

Educar realmente não é uma tarefa fácil, filho não vem com manual de instruções, mas sou uma otimista e acredito que a maioria dos pais está bem intencionado e quer o melhor para seu filho.

Neste contexto, informação é sempre bem vinda, assim hoje quero falar do livro EDUCAR SEM VIOLÊNCIA: CRIANDO FILHOS SEM PALMADAS, da Ligia Moreira Sena e da Andréa C.K. Mortesen. Esse livro é muito prático, de leitura fácil e bem estruturado, quando começamos a ler vamos até o fim de uma sentada só, porque simplesmente não dá para largar.


As autoras iniciam  convidando todos a refletirem sobre a seguinte questão: “O que é ensinado às crianças quando usamos violência física contra elas?” E completam discutindo muito bem sobre as consequências do "bater para educar", que ao batermos em uma criança para educar, ou para reprimir um comportamento que consideramos errado, a criança realmente deixa de fazer ou ter aquele comportamento, mas ela mudou seu comportamento não porque aprendeu algo, mas sim porque está assustada e com medo de apanhar novamente. Bater realmente funciona, limita o comportamento de forma imediata, a criança aprende a obedecer, mas isso é o suficiente? E a partir daí nos apresentam de forma muito clara a disciplina positiva, conceitos como ação e reação que são muito mais úteis na educação de uma criança do que ação e punição.
 Por experiência própria posso falar que no dia a dia, podemos muito bem utilizar a disciplina positiva para educar e dar limites, mas de forma empática e amorosa, e o mais importante sem usar a força física ou violência psicológica contra nossas crianças. e a partir daí falam sobre o desenvolvimento infantil, sobre como lidar com situações e como conduzir a educação usando a disciplina positiva. 

Nem sempre é fácil e é um aprendizado diário, mas aqui o uso da disciplina positiva foi uma opção minha e do pai da Marina, desde que discutimos pela primeira vez como seria a educação dela. Tem sido um desafio para nós, mas ao mesmo tempo é recompensador, aqui vai uma historinha nossa para ilustrar os efeitos da disciplina positiva:

Dia desses estava na cozinha, e como sempre coloco Marina próxima, ou "ajudando" ou brincando de algo, nesse dia instalei a mesinha dela na cozinha e dei tinta para ela pintar. Passando próximo, bati sem querer e derrubei algumas tintas dela. E a reação dela foi linda de viver, ela me olhou nos olhos e disse, tem nada não mamãe, foi sem querer, pegou dois paninhos, me deu um e disse: vamos limpar?
Ela, mesmo só tendo 2 anos e 7 meses na época, conseguiu sem empática comigo, entender a situação e propor uma resolução, vejo isso como reflexo da disciplina positiva que sempre é aplicada por aqui. 


Quem quiser se aprofundar mais sobre o texto pode procurar aqui, esse não é um post publicitário, estou indicando porque acho que o livro é ótimo, claro e direto na medida certa, principalmente para adultos desacostumados com leitura sobre educação positiva, é uma ótima maneira de começar a ler sobre o tema.


Referência:

Sena, L.M; Mortensen, A.C.K. Educar sem violência: criando filhos sem palmadas. Campinas, SP. Papirus, 7 Mares, 2014.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

De bebê a menininha: tranformações e desafios.

Faz tempo que não venho aqui, essa ausência se deve principalmente a necessidade de dispor meu tempo livre para Marina e aos compromissos profissionais... mas mi-mi-mi a parte, Marina está com 2 anos e 8 meses, e mudou tanto, mas tanto.

Passamos pelos tais terrible two, passamos pelo desmame noturno e depois desmame total (texto que já comecei a escrever um zilhão de vezes), defraldamos e agora estamos, faz duas noites sem a cama compartilhada. Ainda coloco ela para dormir, deito a seu lado, mas ela agora dorme a noite toda e não mos solicita mais a noite. Não houve choro, não houve ameaça, nem deixei ela só, simplesmente está acontecendo.

Engraçado como as mudanças vão acontecendo, mesmo sem a gente forçar nada. Sabe, se tivesse que escolher apenas um conselho pada dar a uma mãe recém parida eu diria: deixa rolar, siga seus instintos. É isso! Quando é sem cobrança, respeitando o nosso tempo e o tempo deles, com muito amor e respeito, as crinaças deixam as fraldas, deixam de mamar, dormem a noite toda, deixam de pedir tanto colo... e isso não é porque você utilizou uma tecnica ninja de adestramento de bebê, e sim porque um dia inevitavelmente eles crescem, e sabe de uma coisa? Aquele velho mantra materno: "tudo passa, tudo passa" é muito verdadeiro.

Lógico, que, as mudanças não acontecem da noite para o dia, na verdade, as mudanças são quase como uma dança, períodos mais intensos, períodos mais tranquilos, até finalmente terminar e passar para a dança seguinte.

Agora estou eu aqui, com uma menininha que já tenta me convercer da opinião dela. Novos desafios e novas aventuras estão por vir e isso me encanta,

É isso, parando por aqui, só vim matar a saudade, deixa eu ir lá que vamos arrumar o quarto juntas para ela ir dormir.