sábado, 15 de dezembro de 2012

O que toda mãe e pai deviam saber sobre o uso de fórmulas artificiais por menores de um ano: Os motivos que me levaram a decidir não oferecer leite artificial a minha filha durante seu primeiro ano de vida.


Primeiramente quero deixar claro que apesar de defender a amamentação como principal fonte de alimento para uma criança menor um ano ano (exclusiva até os 6 meses) e de crer na sua manutenção até os dois anos ou mais, como preconizam a OMS e o Ministério da Saúde, reconheço que nos casos em que há uma impossibilidade real para o aleitamento materno o uso de fórmulas lácteas tem indicação e deve ser realizado. Entretanto esses casos não deveriam ser regra e sim exceção.

Temos três formas básicas de alimentar os bebês, a primeira é o leite materno, e esse não tem nem discussão é o melhor. A segunda forma é o uso de fórmulas lácteas (Nan, Nestogeno, Aptamil...) preparadas para possuírem propriedades semelhantes ao leite materno e a terceira é o leite integral normal (Ninho e todas as outras marcas de leite menos famosas).

LEITE INTEGRAL: Porque é contra indicado para menores de um ano?




1º) O sistema digestivo dos bebês ainda não está completamente "amadurecido", assim ele não consegue absorver o leite adequadamente.

2º) O leite pode provocar uma série de alergias.

A literatura científica demonstra forte relação entre o uso de leites e derivados e o desenvolvimento de processos alérgicos, principalmente alergias tardias, sendo essas  relacionadas com o surgimento a médio e longo prazo de otite, rinite, sinusite, bronquite asmática, amigdalite, obesidade, gastrite, esofagite, refluxo, enxaqueca e outra série de complicações.

Esse processo ocorre principalmente porque o organismo humano não digere bem algumas proteínas do leite (caseina, alfa-lactoalbumina e lactoglobulina), e não digere a beta-lactoglobulina que é outra proteína. Assim a mucosa intestinal pode ficar inflamada o que facilita a passagem de macromoléculas diversas e provoca má absorção de nutrientes. O problema reside no fato de que o organismo humano vê essas macromoléculas como corpos estranhos e isso desencadeia uma reação imunológica para poder combatê-las.

3º) Há sobrecarga renal, pois o leite de vaca possui três vezes mais proteína que o humano, além de apresentar uma concentração de cálcio muito maior em relação aos outro minerais, isso tudo exige muito mais dos rins de seu bebê.

4º) Está associado ao surgimento de anemia ferropriva no primeiro ano de vida pois apresenta baixa biodisponibilidade e densidade de ferro, porém possui excesso de proteínas e minerais, especialmente cálcio, o que interfere na absorção do ferro de outros alimentos.

Então, por esses e outros motivos que não deu para sumarizar aqui, não posso nem pensar em oferecer leite e derivados (isso inclui Danoninho, Requeijão, Queijos e bebidas Lácteas) para minha filhotinha antes dela completar seu primeiro ano de vida.

FÓRMULAS LÁCTEAS - Dá para confiar?

Já vimos que o leite integral não é uma boa opção, mas ainda restam as fórmulas lácteas, moderníssimas e caríssimas diga-se de passagem...hehe. Mas como nem tudo que reluz é ouro a história não é assim tão  bonitinha, vamos lá.

1º) As empresas que comercializam as fórmulas lácteas precisam criar demanda para seu produto, dessa forma ao longo do último século foram criando "motivos" e "estimulando" médicos a prescrever seus produtos, mas será que realmente são a melhor opção?

Tudo bem, não precisam me chamar de a louca da amamentação - hehe - reconheço a importância desses produtos, salvam a vida de bebês que não podem sem amamentados, isso já sei e concordo, a questão não é essa. Também acho que se a mãe não quer amamentar tem esse direito, pode dar a fórmula sim, essa não é minha conduta mas estamos em um país livre.

A verdade é que os primeiros lites artificiais não foram produzidos para "salvar" os bebês das mães que não conseguiam amamentar, foram produzidos principalmente para alimentar os bebês das mulheres que estavam entrando no mercado de trabalho, elas eram muitas, expostas a uma jornada desumana e não podiam amamentar seus filhos, assim com um mercado em expansão a Nestlé (principalmente ela pois foi pioneira) iniciou sua produção, até ai vá lá, esse é o mundo capitalista. O grande problema é que para ter aceitação a tal empresa envidou esforços para convencer mães e pediatras que seu produto era tão bom  e seguro quanto o leite materno, resultado? Na época a mortalidade infantil entre os bebês que usavam as fórmulas era 20% maior, e até hoje a mortalidade infantil é maior entre crianças alimentadas com essas fórmulas, isso em países "desenvolvidos" aqui não temos essa estatística.

E o que aconteceu? Milhões de criancinhas morreram por causa das informações deturpadas, por causa do marketing agressivo, abaixo tem o link de um documentário muito bom da TV Australiana sobre a desnutrição infantil causada justamente pelo uso de leite em pó como principal fonte de nutrição em crianças, apesar de antigo o documentário ainda é atual, e retrata um fato importante que não deve ser esquecido. Ai gente, desculpa, mas não dá para ser inocente ao ponto de achar que o pediatra prescreve  a tal fórmula porque é o melhor para seu filho, não dá. Não tem sentido dar fórmula a uma criança que é amamentada e essa é a prática mais comum nos consultórios, basta fazer seis meses que tá tudo liberado.


E se você ainda não se convenceu, pare e reflita sobre as seguintes questões:

- A Nestlé patrocina a Sociedade Brasileira de Pediatria, duvida? Então tá, da uma olhada no site deles: Site Sociedade Brasileira de Pediatria, isso é no mínimo estranho não é?
- É pratica comum em muitas maternidades oferecer leite artificial ao bebê, mesmo sem o consentimento das mães, porque será?
- É muito comum, mesmo com bebês amamentados, que se prescreva fórmula artificial  no momento da introdução da alimentação complementar. Qual a necessidade disso?
- Porque prescrever leite para intolerância a lactose a um bebê que é amamentado? Gente, bebês com intolerância ao leite materno são raríssimos, e esses poucos casos infelizmente tem alta mortalidade. Quanto um bebê tem intolerância a lactose, é do leite de vaca que estamos falando, então nesse caso o correto é a mãe fazer a dieta para não passar as proteínas do leite de vaca para seu bebê.
- Porque suspender a amamentação e prescrever NanAR ou Aptamil AR, ou qualquer outro leite modificado para bebês com refluxo? Não parece ilógico que alimentemos um bebê que já é propenso a problemas gástricos com um leite mais alérgeno, que é o de vaca? Não seria melhor nesses casos estimular o aleitamento materno? Outra coisa, para os que não são amamentados, a literatura indica que não há diferença entre usar esses leites especiais ou fazer o espessamento do leite de forma caseira (coloquei o link do artigo lá embaixo é só conferir).

Daí pergunto, até quando vai a indicação correta e segura da fórmula láctea? E os nossos instintos maternos de nada valem? 

2º) Por melhores que sejam as fórmulas não possuem nem de longe as propriedades do leite materno, pois:
A) O leite humano é rico em leucócitos e anticorpos que protegem o bebê contra infecções e alergias, possui fatores de crescimento que aceleram a maturação intestinal, também previnem alergias e intolerâncias
B) Só leite materno possui ácidos graxos poliinsaturados da série n-3 que são importantes no desenvolvimento e funcionamento do sistema nervoso central, alguns fabricantes até tentam enriquecer suas fórmulas mas os estudos ainda são inconclusivos.
Para resumir, segue a tabela da OMS com a comparação entre os três tipos de leite, e é claro que o leite materno leva larga vantagem sobre os outros.


Tabela de Comparação do leite materno com outros leites:


Leite Humano
Leite Animal
Leite artificiais
Propriedades
Anti-Infecciosas
Presente
Ausente
Ausente
Fatores de crescimento
Presente
Ausente
Ausente
Proteína
Quantidade adequada, fácil de digerir
Excesso, difícil de digerir
Parcialmente modificado
Lipídeos
Suficiente em ácidos graxos essenciais, lipase para digestão
Deficiente em ácidos graxos essenciais, não apresenta lipase.
Deficiente em ácidos graxos essenciais, não apresenta lipase.
Minerais
Quantidade correta/ equilibrado
Em excesso / desequilibrado
Parcialmente correto/ parcialmte equilibrado
Ferro
Pouca quantidade, bem absorvido
Pouca quantidade, mal absorvido
Adicionado, mal absorvido
Vitaminas
Quantidade suficiente
Deficiente A e C
Vitaminas adicionadas
Água
Suficiente
Necessário extra
Necessário  extra




OMS/CDR/93.6


Conclusão, se desejo o melhor para minha filha, se sou saudável e posso amamentá-la é o que vou fazer. Quando coloco as três opções e reflito, vejo que, se posso oferecer o melhor porque ofereceria outra coisa? Claro que esse é meu desejo, que é o que pretendo fazer, caso não pudesse logicamente procuraria uma fórmula láctea adequada as necessidades dela, mas por enquanto isso não está nos meus planos. Assim vamos seguir nossas vidas, ela já iniciou a introdução de alimentação complementar com muitas frutas e legumes, mas leite só o da mamãe aqui.

Sabrina Neves.


Para tomar minha decisão como mãe (o que resultou nesse texto) consultei as seguintes fontes (além do material da OMS cujo link está no outro post):

Artigo da Pediatrics sobre o uso de leite de vaca no primeiro ano de vida.




sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

A primeira vez longe de Marina por mais de 4h!

Essa quinta tive uma reunião no trabalho que não podia faltar, das outras vezes que precisei trabalhar levei Marina comigo, ia tudo e todo mundo junto: eu, ela, Dona Vera ou o pai, slings, brinquedos, trocador, carrinho... Sempre conseguimos nos virar, eu ia e amamentava nos intervalos de aula, colocava para dormir e voltava para o trabalho.

Mas agora que ela iniciou a alimentação complementar e se aproxima o dia de eu voltar de vez ao trabalho decidi deixar ela em casa e ir sozinha para o trabalho, uma vez que seria só no período da tarde que eu me ausentaria, deixei meu leite para ela, além da frutinha que ela lancharia a tarde.

Ficaram com ela o pai e Dona Vera (que trabalha aqui em casa). E assim foi, dei mamar, coloquei para dormir e saí as 13:00. Já no elevador meu coração apertou e chegando na garagem tive que voltar em casa só para ver se ela ainda estava no berço... rsrsr Voltei, olhei para meu anjo adormecido, tomei coragem e fui para o mundo.

No caminho para o trabalho chorei escutando música e dirigindo... ai como eu queria ser duas! Mas segui em frente, fui para a tal reunião... não resisti e dei umas ligadinhas para casa. Ao final da reunião corri para o carro e voltei para casa, ansiosa para ver minha menina, acho que era uma ansiedade igual ou maior aquela que rolava nas vésperas de natal quando eu era criança.

Quando emfim cheguei vivi um dos momentos mais lindos desde que sou mãe. Ela estava com Dona Vera brincando, eu cheguei de fininho passei para cozinha, lavei as mãos e fui para perto delas. Ao me ver Marina parou o que estava fazendo, esticou os bracinhos e sorriu, o mais belo sorriso banguela do mundo! Peguei minha pequena no colo e ela me abraçou forte, ficou com a cabecinha deitada no meu ombro, uma delícia.

Era tudo o que eu precisava, estar com minha pequena grande Marina. Como experiência foi bom, porque vi que ela fica bem sem mim, que todo amor e dedicação que tenho com ela a tornam segura, mesmo que ela ainda não entenda, acredito que ela sente que a mãe dela vai estar sempre lá, mesmo que tenha que se ausentar as vezes.

Sabrina Neves.





terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Sinlgando por ai.


Carregar o filho preso ao corpo por um pano é uma forma tradicional de transportar bebês em muitas sociedades, indígenas americanos (do sul e do norte), africanos, orientais, todos tem algum tipo de carregador de bebê. Na nossa sociedade os carrinhos de bebê ainda são a forma mais comum de carregar bebês, mas depois que você experimenta um sling nunca mais vai querer saber de carrinho. Acho engraçado a cara de espanto e as perguntas que me fazem quando saio com Marina em seu sling. As perguntas vão desde: "O que é isso?", "Onde comprou?", até "E ela gosta?", "Não tá apertado não?", "E como ficam os pezinhos dela?" tem até os mais metidos que falam "Cotadinha, tá toda apertada"... para esses aprendi a fazer cara de alface - rsrsrs.

Mas afinal o que é um sling? É um carregador de bebê de pano que é ergonômico e permite a você dar colo ao seu bebê e ter as mãos livres ao mesmo tempo.

O Sling moderno foi criado na década de 80 por Rayner Garner, americano do Havaí, ele usou a canga de sua esposa para carregar sua filha, a partir daí o uso do sling foi se difundindo na sociedade ocidental. Apesar de não ser uma novidade, ainda tem muita confusão em relação a esse apetrecho, o sling não é um canguru. Os cangurus tradicionais, na maioria não são adequados pois o peso do bebê fica concentrado em sua genitália ao passo que no sling esse peso é distribuído melhor, pois as pernas do bebê ficam em posição de M ou sapinho, que é  forma correta e ergonômica de carregar seu bebê. 

As vantagens do uso do sling são inúmeras começo com as de ordem prática:

- Muito mais fácil para andar na rua. Com essas calçadas desniveladas andar com carrinho de bebê só no Shopping;
- É leve, cabe na sua bolsa sem problemas e por isso mesmo não lota a mala do carro. Para andar de ônibus então é ideal;
- Fácil de lavar, como são de tecido lavo os meus na máquina, exceto o de argolas, esse lavo a mão por medo da argola quebrar minha máquina de lavar;
- Te permite desenvolver algumas atividades e estar com o bebê ao mesmo tempo, eu mesma já lavei pratos, varri casa, coloque roupara na máquina de lavar, trabalhei no computador e naveguei na internet com Marina no sling.

Benefícios para seu bebê:

- Ele fica próximo a você, no seu colo, o que é o ideal, principalmente para bebes pequenos na fase do colo;
- Por estar no colo tem o campo de visão da mesma altura do adulto, pode enxergar melhor o mundo e aprender também. Crianças transportadas em carrinhos vêem o mundo da altura dos seus joelhos dos adulto, portanto tem a visão do mundo limitada;
- Em contato com a pele da mãe, principalmente os mais novinhos, apresentam menos episódios de cólica;
- Ótimo para ajudar na recuperação de prematuros, pois propicia contato e calor humano. O projeto Mãe Canguru do IMIP é um exemplo do uso do sling ajudando na recuperação de prematuros;
- Ajuda o bebê a dormir melhor;
- São mais confortáveis par seu bebê, pois se ajustam ao corpo dele permitindo que sua coluna adote a posição curva (em c) que é natural para os bebês.

Benefícios fashion:

- São práticos e lindos, também podem ser encarados como um acessório de moda. Não é porque você é mamãe que tem que ficar feia rsrsr.


Agora que fiz minha propaganda do bem rsrsrs, vamos as questões técnicas. Existem três tipos de sling: pouch, ring e wrap.

Pouch Sling

De todos é o mais prático para iniciantes, é um tipo de bolsa  de tecido (geralmente tecido de algodão ou tricoline) que você passa sobre um dos ombros. Existem dois tipos de pouch - ajustado por velcro que serve para pessoas de diferentes tamanhos e o tradicional que é sem regulagem, esse vai servir apenas para pessoas com altura e peso próximos.

Particularmente o pouch sling foi o que primeiro usei, tive a sorte de ganhar um da minha amigona Débora. Foi ótimo de usar e serviu muito quando Marina era bem pequena, pois acomoda bem o bebê e é muito fácil de usar. E como o meu tem ajuste por velcro até o papai pode usar.

Passei a usar menos quando Marina ficou maior, pois o peso é apoiado em apenas um dos ombros e doía um pouco sempre que tentava fazer caminhadas maiores.

Segue uma imagem com as instruções de uso do pouch sling:

Ring Sling (Sling Tradicional)

Esse sling parte do mesmo princípio do pouch, forma uma bolsa na qual o bebê pode ser carregado, a diferença é o ajuste pode ser feito com o tecido por causa das argolas. Pessoalmente achei mais difícil de usar, mas depois que aprendi ficou ótimo. Tem várias possibilidades de posições, pode levar o bebê deitado, sentado, barriga com barriga, de costas...

Segue a imagem com as possibilidades de posições do Ring Sling.




Wrap Sling

O wrap (embrulho em inglês) de todos é o mais confortável, trata-se de uma faixa contínua de tecido que tem mais ou menos 5 metros de comprimento por 60 centímetros de largura, geralmente o tecido é malha 100% algodão.

Nesse sling você faz a amarração no seu corpo e carrega o bebê, a vantagem é que o peso do bebê é distribuído nos dois ombros e costas o que ajuda e muito a coluna das mamães. Muito útil para bebês mais pesados e muito confortável também, de todos foi o que eu mais gostei. Outra vantagem é que as possibilidades de amarração são inúmeras, dá até para usar na mesma posição do ring sling, então se você for compara só um prefira esse que é mais versátil. Outra vantagem é que dá para você mesma fazer o seu, basta comprar 5 metros de malha 100% algodão, contar a faixa de 60 centímetro e pronto você já tem seu wrap! As mais prendadas podem fazer abanhado e deixar mais bonitinho.

Segue a amarração básica do wrap sling.



É isso, pessoalmente AMO o sling! Acho prático, bonito e mais adequado as necessidades da mãe e do bebê, sinceramente até o presente momento estou achando que levei prejuízo comprando o carrinho de bebê, usei tão pouco. Mas como os bebês mudam muito e cada dia tem novidade, pode ser que eu ainda vá usar.

Sabrina Neves.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Amamentação e desmame precoce: verdades e mentiras.

Amamentar Marina para mim é uma delícia, um momento de carinho, intimidade e prazer, mas nem sempre esse ato é encarado de forma natural. As forças contrárias são muitas e já se iniciam na maternidade, local em que muitas vezes ao invés de ajudarem na pega correta, administra-se leite artificial (Nam) aos bebes, na maioria das vezes sem o consentimento das mães.

Eu como a maioria das mulheres tive problemas iniciais com a pega e com rachaduras, mas esses problemas são superáveis, para superar essa fase inicial primeiro é preciso entender como o bebê mama.

Observe seu filho, o bico do seu seio ficará entre a língua e o céu da boca, e com a língua ele vai fazer o movimento de ordenha, pressionando o mamilo para o leite sair. Reparem bem como esse movimento é diferente do movimento da mamadeira no qual o bebê tem que fazer um vácuo para sugar, parecido com o que acontece quando chupamos um canudo. E é justamente por essa diferença que o bebê pode sim confundir os bicos se lhe for oferecido complemento por mamadeira logo no início.

E atenção: As mamadeiras que simulam o formato do seio materno são uma grande farsa, o bebê vai fazer o mesmo movimento de sucção, o que vai sim leva-lo a confundir os bicos, elas são apenas mais caras.

Dessa forma, para um boa pega tente fazer o bebê abocanhar a maior parte possível da auréola, se ele pegar só o bico tá errado, vai ferir e o fluxo de leite não vem.

Agora se seu seio feriu, não se assuste isso acontece nas melhores famílias. Vamos lá, primeiro paciência pode parecer que não, mais vai passar. Segundo, o que você NÃO deve fazer:

- Oferecer leite artificial enquanto o seio cura. O que causou a fissura foi a pega incorreta, então não tem lógica retirar o bebê para cicatrizar, pois quando ele voltar ao seio, se voltar, vai ferir de novo.
- Passar pomadas de qualquer tipo.
- Usar conchas de amamentação e/ou bicos de silicone.

O que você deve fazer é:

- Procurar ajuda para ajustar a pega. O ideal é procurar um banco de leite, mas também pode ser com seu obstetra, enfermeiro ou até com uma mulher mais experiente.
- Expor os seios ao sol ou usar secador de cabelo nos seios, uns 15 minutinhos, isso vai deixar a pele que é bem fininha mais resistente.
- Deixe seus seios ao ar livre o quanto puder, quanto menos úmido e abafado melhor. Por isso é que as famosas conchas são ruins elas aumentam a umidade.
- Não podendo deixar os seios ao ar livre: use peneiras, isso mesmo! Compre duas bem pequenas, corte o cabo e coloque nos seios e dobre uma fralda embaixo para o caso do leite vazar. Como a peneira é furadinha o ar vai circular arejando e evitando a formação de colônias de fungos.
- Lave normalmente e evite hidratantes.
- Após cada mamada coloque leite materno no seio que ajuda a cicatrizar.

Finalmente tenha paciência, vai passar pode parecer que não mais passa, experiência própria. No meu caso foram os dois seios, tive fissuras enormes, chegou a sangrar, coloquei pomada, usei concha de amamentação, fiz tudo errado, nada sarou meu seio. Quase um mês depois, ainda amamentando com muita dor é que tive acesso a orientação correta, e em uma semana usando secador, deixando os seios livres e prestando atenção na pega já estava tudo bem.


Outro dilema é sobre o período de amamentação exclusiva e o desmame, bom, segundo a OMS e o Ministério da Saúde o bebê deve ser amamentado exclusivamente até o sexto mês, e depois deve continuar sendo amamentado  até no mínimo 24 meses, porem aos poucos vai se introduzindo a alimentação complementar. Não entendo a orientação de desmamar um bebê só porque já passou dos 6 meses, esse é só o final da amamentação exclusiva. 

Outra coisa importante: se seu filho ainda mama não tem porque oferecer leite de vaca, ou fórmula láctea a ele, aliás até um 1 (um) ano não é recomendado outro leite além do materno. O mesmo serve para os derivados de leite, como queijos e iogurte. Assim mamães relaxem, deem de mamar aos seus filhos é disso que eles precisam, e se for bom para os dois a amamentação pode e deve ser continuada por mais tempo. Claro que cada caso é único, e que o desmame pode ocorrer naturalmente antes dos 24 meses mas acho importante respeitar o ritmo da criança, deixando que o desmame ocorra quando demonstrar que está preparada e que não coincida com mudanças bruscas na vida do bebê como mudança. nascimento de irmãos entre outros.

O uso de medicamentos pelas mães também é uma questão polêmica, pois esses são campeões do desmame precoce. Já cansei de ouvir: Tive que tomar antibiótico X e o médico mandou suspender a amamentação com 20 dias. Gente! Agora falo como farmacêutica que sou, boa parte dos medicamentos são compatíveis com a amamentação, e caso o seu medicamento não seja compatível pode pedir para o médico trocar por outra alternativa terapêutica. Essa publicação do ministério da Saúde tem a lista de vários medicamentos e sua compatibilidade com a amamentação é só conferir: http://www.fiocruz.br/redeblh/media/amdrog10.pdf

Leite fraco e leite pouco! Esses são velhos conhecidos, infelizmente. Não importa o que te digam, a maioria das mulheres pode amamentar e produz sim a quantidade de leite suficiente para seu bebê. Ocorre que após a apojadura (descida do leite) o organismo da mulher ainda está se acostumando com a nova função, e geralmente produz mais leite que o bebê tem capacidade de consumir, depois a produção se adapta a demanda do bebê. Isso é tão interessante que vocês podem saber se o bebê está com fome apenas porque seu organismo sinaliza, seu seio formiga e fica cheio.

Outra coisa, para aumentar a produção de leite tomem muito líquido de preferência água, o dobro da quantidade que tomariam mais ou menos uns 2L dia. Não adianta canjica, mingau, canja ou qualquer outra comida que te ensinem. Se seu seio empedrar, o que é comum, prefira compressa fria ou gelada, a compressa quente aumenta a produção de leite isso é justamente o contrário do que você está querendo. 

O que você come vai para o leite, por isso principalmente no início, com bebês recém-nascidos em que o aparelho digestivo ainda está se adaptando adote uma alimentação saudável. Nada de dieta, você precisa de calorias para produzir leite, mas nunca é demais tirar cafeina, cítricos, leite e derivados. Sim você leu certo: retire o leite e os derivados de sua dieta! Os bebês pequenos normalmente não metabolizam bem proteína de leite de vaca.

E sim, é comum os recém-nascidos gorfarem muito e até vomitarem um pouco, na maioria das vezes esse "refluxo" passa com medidas não farmacológicas como elevar a cabeceira do berço e deixar o bebê em pé no colo de 10 a 30 minutos após as mamadas. O que não tem sentido é deixar de amamentar e dar Nam AR para o bebê, pois, por mais mirabolante que seja a fórmula desse produto a base dele ainda é leite de vaca que é muito mais alérgeno para o bebê que o leite materno.

Por fim, seu bebê não está competindo para ver quem ganha peso mais rápido. É claro que um bebê que toma mingau engrossado com espessantes industrializados com uma megadose de açúcar e carboidrato vai engordar depressa. Se seu bebê está ganhando peso, crescendo, ele é uma criança saudável independente se ganhou mais ou menos peso. Aquela curva verde do gráfico da curva de crescimento é só a média, ou seja espera-se que 50% das crianças tenham quele peso, porém vão ter bebês mais gordinhos e mais magrinhos que etão acima ou abaixo da média (curvas vermelha e preta), mas mesmo assim ainda são normais. O engraçado é que só nos preocupamos com os magros, os gordinhos são até desejados. Ora isso é um contra-senso, bebês precisam ser gordos mas quando fazem 2 ou 3 anos devem ser magros!

O que vou falar vai parecer clichê de livro de auto ajuda, mas você é capaz, confie em você, no seu corpo e no seu bebê que tudo vai dar certo. Seguem os links de algumas referências que usei, espero que ajude.

Sabrina Neves.

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Vamos falar de Violência Obstétrica?


Ontem, 25/11/12 foi o dia Internacional Pela Eliminação da Violência contra as Mulheres, dentre as inúmeras violências que são cometidas contra as mulheres está a violência obstétrica, talvez um dos maiores problemas desse tipo de violência é que, ao contrário da agressão física ou do estupro, ela é institucionalizada, praticada livremente e o pior, na maior parte das vezes sem punições para aqueles que a praticaram.

E o que é violência obstétrica? Será que fui vitima dela? Por incrível que pareça o sistema de atendimento a parturiente é tão mecanizado, tão alheio a própria mulher que, muitas vezes somos vítimas, sentimos que algo não está correto, mas não conseguimos classificar esses atos.

A informação, o empoderamento da mulher são as principais ferramentas nessa luta, pois a violência pode ocorrer de muitas formas, durante a pré-natal, atendimento de emergência, parto, pós parto... O que mais choca é que algumas práticas são tão institucionalizadas que nós nem chegamos a contestá-las, durante minha gestação passei por três obstetras antes de chegar a minha médica.

A primeira que procurei com 8 semanas de gravidez, me olhou, perguntou a data da última menstruação, calculou a data provável do parto e me disse, posso ficar com você porque vai nascer entre final de maio e começo de junho, se for depois não posso pois estou de viajem marcada, assim posso agendar sua cirurgia para a primeira semana de junho. Saí de lá bufando de raiva, imagina, nem opção me deu, eu gestante de apenas 8 semanas, como assim indicar uma cesárea eletiva apenas para não atrapalhar suas férias. A segunda, com 10 semanas, realizou minha consulta em menos de 10 minutos, não fez exame físico e não me deixou falar, falava, falava, falava e não consegui abrir a boca. Saí de lá desanimada, e muito preocupada em arranjar um obstetra com que eu pudesse realmente contar. Na terceira, com 12 semanas foi pior, durante a consulta ela foi com o aparelho ouvir os batimentos cardíacos do bebê e não conseguiu, mexeu, mexeu e nada. Daí ela saiu da sala com cara feia e me deixou lá deitada na maca, durante o período que fiquei lá (que para mim pareceu uma eternidade) sofri muito achando que tinha algo errado com o bebê, do nada chega ela com uma enfermeira reclama: “_Olha o aparelho tá quebrado eu já disse que é para...”            Quando eu falei para ela que tinha ficado assustada porque ela tinha saído da sala daquele jeito ela ainda fez piada de mim dizendo que mãe de primeira viajem era muito exagerada. Saí de lá muito triste e com medo de não encontrar ninguém capaz de simplesmente conduzir uma consulta com humanidade e respeito.

Na mesma semana encontrei uma amiga que me indicou uma obstetra e lá fui eu, o plano não cobria, mas era minha última esperança. Durante a consulta ela sempre me pareceu competente, segura e o melhor sempre disse que respeitaria minhas opções. A gravidez transcorreu sem problemas, até que na 36ª semana minha bebê não tinha encaixado ainda, ela me disse que provavelmente não iria encaixar, mas que poderíamos esperar mais. Na 37ª semana fiz um exame de ultrassom e nele foi detectado que a frequência cardíaca da minha bebê estava oscilante, horas normal, horas muito baixa e essa foi a indicação para uma cesárea eletiva realizada com 38 semanas e 6 dias. Fiquei com muito medo, pois fui informada que minha bebês estava em sofrimento e não aguentaria o parto, então fiz o que a maioria de nós faria, confiei no médico que me acompanhava. O dia do nascimento da minha filha não foi nem de longe o que eu sonhava, fiquei o dia internada todo no hospital a espera da hora da cirurgia, no momento da cirurgia eu tremia muito de medo, fui amarrada na cama, tive enjoos e falta de ar com a anestesia. Iniciaram a cirurgia e nem me avisaram, quando pedi para levantar por causa da falta de ar eu já estava aberta e nem sabia, meu marido me acompanhou, mas só vi rapidamente minha filha que foi levada para os primeiros cuidados. Foi muito frustrante não dar de mamar na hora que ela nasceu. Ela teve certa dificuldade para respirar (talvez por causa da cesárea eletiva) e demorou muito a vir para mim que passei a primeira noite com minha filha ao lado, mas sem poder pegar nela.

Durante esse tempo todo algo me incomodava muito e eu não conseguia nomear bem, mas logo depois lendo mais e me empoderando, vi que caí no modelo do sistema, até hoje não tive coragem de ir a fundo e verificar se passei por uma cesárea ou uma desnecessária, logo eu, depois de tantas idas e vindas, de tanto defender um parto normal. Ainda não abri a caixa de Pandora, estou trabalhando isso e sei que na hora certa vou conseguir.

Sei que meu relato não é nem de longe tão chocante quanto muitos outros, que tive a sorte de ter meu marido do lado, mas mesmo assim algo me incomoda e muito. Todo o dia mulheres são desrespeitadas, seus corpos são amarrados na sala de parto, são obrigadas a ficar deitadas quando seria muito mais confortável sentar, andar ou agachar.

A episotomia não é normal e não é necessária em todos os partos vaginais, porém elas são feitas sem nem comunicar a mulher. Não são necessários soro, ocitocina, anestesia ou fórceps na maioria dos casos, mesmo assim os médicos continuam a realizar essas práticas como se fosse um protocolo, sem nem falar com a mulher. Amamentar e ter nossos filhos nos braços logo após o parto são direitos nossos, a presença de um marido, amiga ou parente também. Fora os direitos óbvios como o pré-natal e a assistência adequada durante o parto, que ainda são negados a muitas usuárias do SUS e também do sistema privado, pois ter um plano de saúde de nada adianta diante desse modelo assistencial injusto que temos.
Como falei antes a informação é o melhor remédio, então compartilho aqui o vídeo: Violência Obstétrica a Voz das Brasileiras, documentário realizado de maneira espontânea e voluntária por:

- Bianca Zorzam, obstetriz, aluna de mestrado do Programa de Pós-graduação em Saúde Pública da Universidade de São Paulo;
- Ligia MoreirasSena, bióloga, aluna de doutorado do Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva da Universidade Federal de Santa Catarina, autora do blog Cientista Que Virou Mãe; 
- Ana CarolinaArruda Franzon, jornalista, aluna de mestrado do Programa de Pós Graduação em Saúde Pública da Universidade de São Paulo e co-editora do blog Parto no Brasil;
- Kalu Brum, jornalista, doula e co-editora do blog Mamíferas.
- Armando Rapchan, fotógrafo e videomaker.

Assistam, informem-se, sensibilizem-se com as histórias dessas mulheres que infelizmente estão longe de ser exceção.


Sabrina Neves.

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Amamentar? Sim! Afinal somos todos mamíferos, não?




Assim que me descobri grávida eu tive a certeza de que iria amamentar meu filho(a), para mim essa era uma questão que nem merecia discussão de tão obvia que me parecia. Afinal amamentação não é forma natural de alimentar um bebê? Como poderia ser diferente?


Passaram-se os nove meses, minha Marina nasceu e era chegada a hora! Fácil assim? Quem me dera. Só com minha bebê nos braços é que percebi que sabia de tudo sobre a gestação, semana a semana, mas não sabia nada sobre como cuidar de um recém-nascido, claro tinha meus instintos e achava que só isso bastava, mas logo vi que seria uma tarefa mais árdua que imaginava.


Logo de cara veio o terrorismo: “- Você não vai ter leite, só sai esse pouquinho...” Ainda bem que a obstetra ao me dar alta deu umas orientações sobre o colostro e sobre a apojadura (descida do leite) que demoraria um pouco, uns quatro dias, mas que tudo bem isso é normal. Então me mantive firme em não deixar dar leite de vaca nem mamadeira, passaram-se os dias e o leite finalmente desceu e veio muito, muito mesmo.

Mas como nem tudo na vida é fácil meus dois seios empedraram e racharam, feriram muito, toda vez que minha bebê ia mamar doía muitíssimo, e apesar de algumas opiniões contrárias me mantive forte. Mesmo com dor, amamentar para mim sempre foi uma satisfação. Demorou um mês para conseguir cicatrizar e amamentar sem dor, mas consegui.

Pensei, agora sim, ela tá mamando bem, não dói mais tudo tranquilo. Daí veio o terceiro problema. Ela não estava ganhando peso suficiente (segundo a pediatra), e ela foi bem clara em dizer que se não fosse infecção urinária ela entraria com complementação na próxima consulta. Pensei: Como assim? A mãe sou eu, já me deram um monte de pitacos, permaneci calada seguindo meus instintos para não magoar ninguém, agora me vem essa médica com mais essa! Decidi então fazer o exame para diagnosticar e tratar a infecção urinária, mas se algum complemento alimentar fosse prescrito não só não usaria como também mudaria de pediatra.

No fim tudo deu certo, ela voltou a ganhar peso e não se falou mais do assunto, porém um dia desses uma vizinha me perguntou: Ela AINDA mama? Eu acho que até fiz cara de paisagem... hehe, pensei: - Como assim, ela é uma bebê de cinco meses claro que ainda mama! Mas me contive e disse sim. Não satisfeita ela emenda, esse aqui (apontando o bebê no carrinho) eu comecei mingau logo no segundo mês, dar de mamar sacrifica muito a mulher. Oi? Como é? Sacrifica quem? E a criança?!!!!... 

Depois desses fatos me bateu a curiosidade e fui ver entre conhecidos e vizinhos quem tinha amamentado o filho e por quanto tempo e o resultado me deixou desanimada. Claro que eu já sabia que o aleitamento exclusivo no Brasil não era lá essas coisas, mas a maioria dos casos que vi foram de aleitamento quase inexistente, e o pior com base em justificativas totalmente transloucadas. Por isso resolvi compilar algumas dicas que eu queria ter lido ainda na gestação, se servir para uma mamãe para mim já tá valendo.

O leite materno é o único alimento para seu bebê. É isso mesmo, não é só o melhor, é o único, as formulas lácteas são meras substitutas, com a tecnologia melhoraram muito, mas ainda são substitutas. Pense bem, seu bebê é da espécie Homo Sapiens, por isso tem necessidades nutricionais, imunológicas e afetivas diferentes das de um bezerro. O leite de vaca é ótimo, mas para o bezerro, as quantidades de gordura, água, sais minerais, vitaminas... são diferentes, mesmo que os fabricantes das famosas fórmulas tenham ajustado, lembre-se tudo isso é artificial. Outro pequeno detalhe é que a proteção imunológica só existe no leite materno e se o aleitamento for EXCLUSIVO, pois a administração de qualquer outra substância compromete a ação de imunidade de seu leite. Por isso não deem água, chá e nem vitaminas desnecessárias, seu leite é tudo o que o bebê precisa.

Precisamos sim aprender a amamentar. Antigamente isso não era problema, pois as mulheres mais velhas passavam esse conhecimento para as mulheres mais novas, porém hoje em uma sociedade medicalizada, que vem de uma geração ao ter alta da maternidade recebia de brinde uma lata de leite, em que os médicos era categóricos em afirmar que a fórmula substituía sem problemas o leite materno, perdemos esse conhecimento. Nossas mães infelizmente não mais passam esses conhecimentos, ficamos a mercê de obstetras, pediatras e enfermeiras que muitas vezes mais atrapalham que ajudam. Na maioria das vezes o problema não está na produção de leite e sim na pega, mas uma mãe recém parida muitas vezes não encontrar forças (principalmente por causa dos pitaqueiros de plantão) para buscar informações, e nem todo lugar tem banco de leite. O que acaba acontecendo é que desistem de amamentar.

Uma dica preciosa é: exija que seu bebê mame logo depois do parto! Eles nascem com instinto de sucção mas vão perdendo se demoram muito para vir para nós. Com cuidado e paciência eles acabam pegando o peito, mas é muito mais sofrido. No meu caso, infelizmente não aconteceu, eles a levaram para os cuidados “padrão”, ela teve problemas para respirar e daí demorou par vir para mim, desconfio que isso levou aos primeiros problemas de pega.

O leite materno não é só alimento, é antes de tudo amor, comunicação, apoio, presença, abrigo, calor, palavra, sentido... é lindo não é! É da Laura Gutman no seu livro “A Maternidade e o encontro com a própria sombra”, falarei desse livro depois. Ela conseguiu dizer tudo o que eu sentia e não conseguia expressar com palavras. Com minha filha nos braços, mamando senti isso, bebes não precisam só de alimento, antes de tudo precisam de amor, e amamentar transmite esse amor. E sabe o melhor? É uma via de mão dupla, não há nada mais gratificante que o sorrisinho ainda com o peito na boca, que conseguir acalmar seu bebê com uma boa mamada, que deixar ele repousar placidamente em seus braços depois de mamar, que sentir seu cheirinho bem perto, seu olhar de felicidade e  sua boquinha se abrindo só de se aproximar de você, é muito bom.

Tenho muito mais a dizer sobre amamentação, mas falarei disso em outro post porque esse ficou longuíssimo e marina acordou, e agora é dela minha total atenção.

Sabrina Neves.

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Eu não bato no meu filho, dou o exemplo - Sabrina Neves.




Recentemente, com o nascimento da minha pequena entrei de cabeça no universo da maternidade,  e junto com ela veio uma sede enorme de conhecimento, uma vontade muito grande de fazer a coisa certa, de fazer de minha filha uma criança feliz. Minha empatia por todas as crianças aumentou em níveis astronômicos, fico triste com o sofrimento de crianças, feliz com sua felicidade, me pego projetando minha filha em todos e pensando e se for com ela?

Tomei algumas decisões, e a primeira delas foi educar minha filha sem o uso da violência, confesso que antes de ser mãe nem tinha pensado nisso, mas com minha filha nos braços tudo mudou, não suporto a ideia de usar a violência contra esse pequeno ser que amo tanto. Não, não sou uma tola sonhadora, sei que perderei a paciência com ela, que ela provavelmente fará birra, brigará com coleguinhas, não vai querer comer tudo, vai querer chocolate antes do almoço... sei de tudo isso, mas sei também que a adulta sou eu e que ela é uma criança e por isso eu é que tenho que educa-la.

Quando falo de educar penso realmente no que essa palavra significa, educar vem do latim "educare", por sua vez ligado a "educere", verbo composto do prefixo "ex" (fora) + "ducere" (conduzir, levar), e significa literalmente 'conduzir para fora', ou seja, preparar o indivíduo para o mundo. Agora me digam, quando foi que inventaram que educar é igual a bater, que se não apanhar fica mal educado?  Se educar significa prepara o indivíduo para o mundo, então antes de tudo precisamos ensinar empatia para nossos filhos, pois nenhuma sociedade sobrevive se cada um pensa só em si e não se põe no lugar do outro. Mas para ensinar empatia temos que ter empatia e nos colocarmos no lugar dos nossos filhos, e foi esse exercício mental que fiz.

Estava ninando minha pequena, ela dormiu com a mãozinha em meu seio, enquanto olhava meu pequeno ser lá aconchegada nos meus braços, tão frágil, tão dependente de mim comecei a pensar nela maior, e se eu batesse? Mas poxa, eu sou mamãe, de mim ela espera aconchego, segurança, e eu, justamente eu, essa pessoa que tem um papel tão importante na vida dela, como poderia agredi-la? Não fui educada apanhando, ao contrário, sempre tive muito amor e carinho, foram poucos tapas que levei, mas me recordo de cada um deles, justamente por minha mãe ter sido uma mãe assim tão carinhosa, é que nas poucas vezes que levei um tapa ou um grito mais alto isso realmente doeu na minha alma. Não quero esse sentimento para minha filha, de forma alguma.

É muito fácil para as pessoas reproduzirem suas vivências sem refletir, estou cansada de ouvir: “Eu apanhei e nem por isso fiquei traumatizado...” , “Melhor apanhar dos pais quando criança do que da polícia mais tarde”, “É por isso que hoje em dia os filhos não respeitam os pais, é porque não apanharam”, e mais uma série de frases feitas, repetidas por gente que não se dá ao trabalho de refletir sobre o que está falando.

Primeiro, a palmada só resolve a raiva dos pais, já vi gente que não tomou nenhuma atitude quando o filho fez algo sério, mas quando a criança fez algo que o irritou apanhou, mesmo sem “merecer”. Partindo desse pressuposto, quando me irrito e bato em meu filho só estou ensinando a ele que podemos descontar a raiva agredindo as pessoas.

Segundo, palmada não educa, amedronta. A criança “aprende” a temer a reação dos pais, por isso não espere que seu filho vá lhe contar apenas a verdade, pois o medo fará com que lhe esconda coisas.

Terceiro, eu é que sou a mãe então é minha obrigação conhecer um pouco sobre as fases de desenvolvimento das crianças, e sobre educação. Não digo que todos tem que virar experts, mas a obrigação é nossa sim! A informação existe, está disponível, você é o adulto responsável, então não tem desculpa, informe-se. Já vi pessoas baterem em crianças de menos de dois anos, por causa de um objeto que a criança queria muito e fazia “birra”, se tivesse tido o cuidado de entender melhor seu filho saberia que com essa idade a criança ainda não está neurologicamente madura para controlar seu comportamento, então é perfeitamente normal que chorem quando não deixamos mexer em um objeto que tanto desejam. Assim, cabe ao adulto ajudar a criança, mudando o foco e conversando.

Quarto, podemos sim educar sem bater! Diálogo e empatia para com vossos filhos podem ajudar muito. Vamos refletir um pouco, sempre que você diz não para seu filho tem um motivo real? Por exemplo, a criança está entediada em casa e pede para ir brincar lá fora e você diz não, que é para ela brincar com seus brinquedos no quarto. Se a mãe ou pai não tem algo realmente importante para fazer, me digam por que não pode brincar lá fora? Será que não é o adulto que está com preguiça de sair? Porque tantos nãos? Economizem nos nãos, deixem eles para as coisas realmente importantes, assim como seus filhos vão saber que devem valorizar quando vocês disserem não? Ouvem isso todos os dias, um a mais um a menos não fará diferença. Tentem ver sob a perspectiva da criança, uma coisa que para nós é banal para eles pode ser muito importante.

Quinto, seu comportamento conta muito. Nossos pequenos se espelham em nós, somos seus exemplos, se falamos palavrão eles vão falar, se gritamos eles vão gritar, se batemos eles vão bater. Não creio que meu caráter foi formado nos poucos momentos em que levei uns tapas, ao contrário, meu caráter foi formado observando meus pais e sua conduta. Sinceramente não acho que a cadeia está cheia de pessoas que foram amadas e acolhidas pelos seus pais, ao contrário acho que a cadeia está cheia de pessoas que infelizmente quando crianças apanharam e tiveram pais ausentes e negligentes. Sim claro, vocês podem me citar um ou dois exemplos de pessoas que foram "bem criadas" e se tornaram criminosos, mas toda regra tem exceção, se olharmos as estatísticas veremos que a maior parte dos presidiários foram crianças que apanharam sim, além disso foram negligenciadas pelos seus pais (Altoé, S, 2009).

Não, não vivo num comercial de margarina, sou humana e provavelmente vou perder a paciência, nesses momentos optarei por me afastar e me acalmar, pois se não posso bater no meu chefe ou no meu marido quando tenho raiva deles, e nesses momentos me controlo, porque não posso fazer isso com minha filha? Alias meu chefe e meu marido podem se defender, são maiores que eu, mas minha filha é frágil, pequena e dependente de mim, e justamente ela é que vai apanhar? Não acho isso correto. Sei que não é fácil, mas a decisão tá tomada, sou a mãe, sou a responsável, sou adulta, minha filha é criança, tem o direito de ser amada, protegida e educada por mim. Não se bate em quem se ama, simples assim.  

Sabrina Neves.

Referências:

Altoé, S. De “menor” a presidiário a trajetória inevitável? Biblioteca Virtual de Ciências Humanas do Centro
Edelstein de Pesquisas Sociais - www.bvce.org, Rio de janeiro, 2009.